sábado, 14 de junho de 2014

O verdadeiro maluco da Copa

O relógio marcava uma hora da manhã. Após a decepção por não ter achado um bar aberto na Barra, em Salvador, eu e meu amigo David, um Britânico de Pristol que conheci por aqui, compramos umas cervejas e viemos para o hostel, afinal, eu havia convencido ele de que aqui em solo Brazileiro as noitadas sempre são longas. Foi em nossa pousada que conhecemos uma figuraça. O nome dele é James, mas esse não é Inglês - nasceu na Irlanda. James tem 39 anos e está na sua 5ª Copa do Mundo. A paixão pelo futebol vem do berço. A primeira Copa foi aos 16, na Itália, em 90. Lá, ele teve o seu primeiro contato com o nosso país, num jogo fatídico: aquela eliminação do Brasil para a Argentina no episódio da água benta de Maradona. James é o verdadeiro maluco da Copa.

Ao longo de mais de três horas de conversa, consegui extrair bastante coisa deste pitoresco personagem. Afinal, o homem disse já ter visitado mais de 30 países e ter ido a estádios nos quatro cantos desse planeta. O melhor jogo de Copa, segundo ele, foi a vitória da Holanda sobre a Argentina na Copa de 94, com um gol antológico de Bergkamp marcado no último minuto da prorrogação. "Bergkamp jogava demais! Por sinal, o gol de Robben hoje foi muito parecido com aquele", ele disse. A Copa de 94, segundo ele, foi a mais espetacular que já acompanhou. Apesar disso, ele também teceu elogios ao Brasil. Disse que os preços um pouco inflacionados são normais e que o povo brasileiro é muito cordial com os Gringos, e isso é fundamental para que eles se sintam bem.

Bergkamp contra a Argentina: o melhor jogo que James assistiu


Apesar de ser Irlandês, James torce para um clube brasileiro: o Palmeiras. A paixão surgiu em 1999. O Gringo estava em São Paulo a negócios e queria assistir uma partida de futebol na cidade de qualquer jeito. Ele foi até o Palestra Itália e disse não ter conseguido ingressos em um primeiro momento, em função do jogo que aconteceria naquela noite: era a final da Libertadores da América. Persistente, James ficou caminhando em volta ao estádio, até conhecer um americano. O homem tinha um ingresso sobrando. Além do uniforme Palmeirense, verde como a bandeira da Irlanda, o nosso maluco da Copa se emocionou com a vibração da torcida do seu "Palmeyrrrra", que com a decidiu o Campeonato nos pênaltis: 4 a 3 em cima do Deportivo Cali, segundo ele, a disputa mais emocionante que já viu na vida.

Palmeiras de 99: o time que roubou o coração de James


Em 2014, James pretende assistir pelo menos 10 partidas da Copa . As duas primeiras em Salvador, depois Holanda x Austrália em Porto Alegre. Ele tem métodos diferentes para conseguir as entradas: nunca compra ingresso no site da Fifa (muito caro, segundo ele) e sempre vai à jogos de torcidas que não viajam para os países da Copa pois, segundo ele, nessas partidas sempre sobram ingressos. Perguntei se ele iria a final, ele respondeu: "se eu estiver no Rio, quem sabe? Nunca se sabe o dia de amanhã". James é o verdadeiro Maluco da Copa.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

#VAITERCOPASIM

A minha primeira lembrança de Copa que tenho é do álbum de figurinhas da Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994. Na época, eu, então um jovem nerd de apenas 5 anos de idade, que tinha como hobby perder para o meu tio Michael e para o meu pai Claudio no International Superstar Soccer (Alejo e Gomez no ataque, Padilha no meio, um grande time), dava os meus primeiros passos rumo à um vício que iria virar uma marca pra vida toda: o tal do FUTEBOL.

Lembro-me de Alexi Lalas e Valderrama com os seus penteados diferentes, lembro-me Romanescu, Popov, Stoichkov e outros nomes que eu achava super-engraçados em seleções como Bulgária e Romênia, lembro-me de Romário, Bebeto e cia naquele TIMAÇO do Braziu, time este que tomava um pau danado da imprensa e mesmo assim voltou dos States imortalizado.

Em 98 eu já era maiorzinho. Já sabia o nome de todos os jogadores de cor e salteado. Sabia que Bierhoff e Klinsmann formavam o melhor ataque do mundo, que Salas e Zamorano também jogavam muito e que Kluivert e Bergkamp não estavam muito atrás. Batistuta e Claudio Lopez, então, nem se fala. Nossa, o futebol era lindo, eram muitas as seleções candidatas ao título. Tinha a Itália de Maldini, Nesta,  Costacurta, Vieri e Del Piero, tinha a Holanda dos irmãos De Boer, de Reiziger, Stam, Overmars, Cocu, tinha a Argentina do Simeone, Verón, Zanetti, Ayala, Sensini, Ortega, tinha o Brasil de Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos, Edmundo... e tinha a França. Ah, poisé. Chorei com os gols de Zidane e fiquei com muita raiva da pipoqueira seleção Brasileira, assim como todos os Brasileiros.

Pra resumir: vi TODOS os jogos de 2002, a Copa na madrugada. Era lindo ficar acordado na madruga vendo Argentina, Brasil, Inglaterra e outros grandes times jogar. Vi quase todos os jogos de 2006, mesmo em período de estudos para o vestibular. A paixão virou profissão quando entrei na TV UCPel e comecei a me tornar jornalista esportivo. Em 2010, a contradição: a profissão me tomava o tempo para que eu acompanhasse a nata do futebol. Olha o absurdo: não vi a final da Copa pois estava comentando Pelotas x Caxias, AMISTOSO (PQ CÁRGAS D´ÁGUA NO DIA DA FINAL?!?!?) em Caxias do Sul para OITO pagantes, cujo placar foi 0 a 0. Lembro-me da tentativa de convencimento minha e do ex-companheiro Régis Oliveira - em vão - para que a caravana da imprensa parasse na estrada para acompanharmos o jogo. Só nos restou o bom e velho radinho, com os relatos de Orestes de Andrade e William Lampert, da Rádio Guaíba, naquele áudio que oscilava conforme avançávamos pelas curvas da BR-116.

Ironia ou dádiva do destino, meu primeiro jogo de Copa do Mundo será justamente a final que eu perdi há 4 anos atrás. Uma redenção divina, eu diria - e isso que eu nem acredito muito nessas coisas. Pela primeira vez na história, uma final de Copa se repete na 1ª rodada da fase de grupos. E, dessa vez, terei a oportunidade de ver com meus olhos Sneijder, Van Persie, De Jong, Iniesta, Xavi e cia.

É para contar (ou tentar) contar a história dos jogos e outras curiosidades da Copa (vai ser massa!) que crio o blog. Sinceramente, não sei se terei tempo para atualiza-lo ao longo da viagem, mas prometo faze-lo assim que possível. Serão 64 jogos em 30 dias, e destes estarei presente em 8.

Vamo que vamo !!! Sim, #VAITERCOPA !!